Imprioridade

Palavra dos últimos tempos: imprioridade.
E não, não é inventada.
Podia ser, sobretudo numa altura em que a todos é permitida a criatividade de acrescentar novas palavras ao léxico e por via destas, também novas atitudes consideradas naturais à vida, e então não consideraria ousadia da minha parte contribuir para essa tendência. Mas não. Não é inventada. É apenas uma constatação.
Na falta de sensatez e educação que se regista presentemente levo-me a pensar que, possivelmente, hoje em dia, ser educado, deve ser interpretado como algo que dá muito trabalho. Ou que não dá visibilidade. Ou não gera resultados. Ou não é "cool" ou "trendy". Dá lugar à insensibilidade, à frieza e… à imprioridade. 
Prioridade só se for em benefício próprio. De outra forma, é um quase “não me apetece”, “que chatice”, “agora este..” 
O que me leva a pensar que o mundo não deve estar ao contrário. Ao contrário estarei eu. Mas a danada da consciência diz-me em modo de “grilo falante”: Não se segura pela mão o que não nos guia. E eu respondo, “mas cansa, como cansa remar contra a maré”.
Um dia hei-de saber viver plenamente adaptada e confortável no âmbito da imprioridade. E tudo ficará mais fácil. 
Mas nesse dia, já não serei eu.

© JOQ - Fev.2017

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