A volatilidade de seres responsável por tudo o que TE acontece


Cresces a ouvir que és responsável por todos os teus actos. 
É assim, e não é.

Qual é a tua responsabilidade quando te apercebes que os teus pais te baptizaram com o nome de Hermengarda ou Isménio? Nenhuma.

Qual é a tua responsabilidade quando te esforças ao máximo numa disciplina, te preparas para o exame, tens elementos para avaliar a tua boa nota, e mesmo assim tens um mau resultado porque o docente corrige o exame no mesmo dia em que a mulher lhe pediu o divórcio? 
Nenhuma.

Qual é a tua responsabilidade quando apostas tudo numa relação, a alimentas com confiança, respeito, companheirismo, e percebes que afinal lidas com uma pessoa que tem dupla personalidade e só te revelou aquela que te agradava escondendo o seu lado mais negro a sete chaves? 
Provavelmente nenhuma.

Qual é a tua responsabilidade quando investes o melhor de ti numa amizade, sendo genuíno, sendo disponível, sendo franco e Amigo, e da forma mais inesperada recebes, no mínimo, indiferença, mas por vezes até uma nula reciprocidade? 
Talvez nenhuma também.

Podia ir por aqui fora, enumerando circunstâncias do dia-a-dia.

Ora, a questão da responsabilidade na totalidade dos nossos actos, não está em tudo o que nos acontece, mas sim na ATITUDE que temos perante o que nos acontece.

Quando na origem não há envolvimento directo da nossa parte, e o que daí é gerado na nossa história, então não somos responsáveis pelo que acontece. Só perante a CONFRONTAÇÃO com a situação é que passas a ser responsável.
Simplificando: 
Os teus pais tiveram a infeliz ideia de te chamar Berengária, Liduína, Adalsino ou Justiniano… Dá-lhes um desconto, e dá a volta a isso: naturalmente, e consoante as situações, apresenta-te como “Be”, ou “Lili”. No caso masculino, apresenta-te como “Lino” ou “Juno”. A partir daqui a responsabilidade é tua, mas de uma forma bem mais leve. Ou então, na maioridade, enfrenta a burocracia, e muda de nome (mas fica ciente que o registo está lá e terás de saber lidar com isso quando vier ao de cima – é a atitude!).

Numa amizade ou num relacionamento como os que referi, passa a depender de ti apenas o que investes no que já é dado como tempo perdido. Há quem não te mereça, quem não perceba o valor que lhe atribuis, quem não esteja no mesmo comprimento de onda e por isso te ignora, magoando-te lá bem no fundo porque investiste demasiado em quem não estava sequer atento para perceber a tua entrega. Não viu ou não quis ver a tua atitude e tu criaste expectativas. Mas TU MERECES TUDO O QUE FAZES DE ERRADO CONTIGO. É aqui que começa a TUA responsabilidade com o que TE acontece. Não foi ele, ou ela o responsável. Foste TU, na ATITUDE que tiveste perante o comportamento dele, ou dela. É esta TUA atitude que te torna responsável pelo que te aconteceu nessa amizade que afinal não o era, ou nesse relacionamento, afinal ilusório.

Quando não estamos na origem de um processo, a ATITUDE na confrontação é o que nos torna responsáveis pelo que venha a acontecer. Já dizia Einstein, tudo é relativo, embora que teimosamente mantenhamos esse facto afastado da nossa consciência diária, simplesmente porque ele desafia o nosso senso comum e a vontade de desresponsabilização, que ganha na maioria das vezes...
Por isso, e outro afirmava, “Tudo é relativo, salvo o infinito. E de todos os sentimentos, o mais difícil de simular é o orgulho.” Já dizia o Duque de Lévis. Deve ter sido um tipo com ATITUDE. Ele e o Einstein. 
© JOQ - Maio 2016

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