Pegada tóxica

O trabalho da apanha da folhagem das árvores faz-me lembrar o ciclo vicioso da nossa sociedade. A natureza deste canteiro à beira mar plantado gera coisas magnificas, há quem trate de as evidenciar e de as potenciar. Mas há quem constantemente trate de desprezar ou aproveitar-se somente em benefício próprio sem qualquer preocupação da pegada tóxica que deixa na sociedade pela sua atitude.
Hoje, fruto deste temporal, as ruas da cidade ficaram cobertas de folhas, ramos, galhos, sementes… tapetes e tapetes de folhas. Essas que serão recolhidas pelo trabalho constante dos técnicos de manutenção urbana que enchem sacos às centenas, e varrem, e varrem, e varrem… e as folhas continuam a cair, e é assim, rajada após rajada. Mas estas são naturalmente biodegradáveis deixando uma pegada que pode ou não gerar nova vida juntamente com as sementes, mas que de uma forma ou de outra ”lavou” a natureza.
Mas depois há os ramos e folhas que entopem sarjetas, que destroem pára-brisas, as árvores que caem desamparadas de raízes. E no fim a ideia que me assalta é sempre a mesma: estes pedaços de ruas cobertas pelo temporal, retratam bem a realidade actual: meio mundo a tentar renovar, renascer e reinventar-se e outro meio a travar, atrapalhar, entupir os que querem seguir a lei da natureza e da vida, que de uma forma ou de outra, seria evoluir.
Estou a ficar preocupada comigo... foi só um temporal, mas fez-me pensar para além das folhas e ramos e estragos.

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