Fronteira

Há uma fronteira, dificilmente perceptível, entre o que sentimos e o que pensamos que senti(a)mos.
E quando sofremos um forte abalo, quando somos deparados com aquilo que supúnhamos longínquo e/ou pouco provável de atravessar o nosso caminho, essa fronteira revela-se. Literalmente revela-se.
E aquilo que pensávamos sentir, parece que deixa de fazer sentido, e aquilo que senti(a)mos, ou se intensifica ou esmorece, mas a verdade é que dificilmente permanece igual. 
E depois vem o pensamento que dilacera sentimentos e surgem sentimentos que aniquilam pensamentos. É isto o que acontece quando não se controla uma situação. Quando não depende de ti. Quando não podes fazer mesmo nada, a não ser guerrilhar em permanência com o que pensas, com o que sentias, e, com o que sentes… afinal!
E sem perceber bem como, consegues viver, dia a pós dia, entre a dúvida e a esperança, entre a evidência e a fé, entre os factos e os desejos. Mas consegues viver. Com tudo a passar, com tudo a acontecer, com tudo encadeado, e numa espécie de anestesia, consegues viver dentro desse abalo e desse turbilhão. E a perceber a até então, ténue fronteira que até ao presente seria impensável a sua existência porque davas como absoluto o que sempre sentiste. Não. Não é bem assim. É sempre muito mais para além daquilo que pode acontecer.
Resumindo: Somos sentimentos. Somos emoções. E isso não deixa de ser energia. E vida. Tudo depende da forma como se aproveita a mesma, como se potencia a sua força. Somos sentimentos. Somos emoções. E quem disser o contrário é porque certamente se nega a viver.

Comentários

Mensagens populares