“O que dizem os teus olhos?”

Se eu fosse uma figura pública e o Daniel Oliveira me fizesse a pergunta “O que dizem os teus olhos?”, possivelmente a resposta não seria diferente. Ou talvez fosse porque dizem que gerir a fama depende de outras 6735 questões... Não sei. Mas isso agora não interessa para o caso.
Vou apenas fazer de conta que me é colocada a questão “O que dizem os teus olhos?”
Os meus olhos dizem que o presente me cansa mas o futuro me assusta.
Dizem que o sarcasmo me irrita e o sentido de humor me dá alento.
Dizem que não gosto de extremismos e radicalismos, mas a indiferença também é muitíssimo perigosa.
Dizem que não tolero a falta de educação quando a liberdade que conquistamos pode e deve ser usada com respeito pelo outro.
Dizem que não gosto de pessoas que se impõem e sim de pessoas que se deixam conquistar.
Dizem que o preconceito é um atraso de vida. E que o cancro devia ‘apanhar’ um cancro, e morrer.
Dizem que nem tudo tem obrigatoriamente de ter uma explicação, e por isso é que gosto de jazz e soul, de chocolate amargo e de chá e café, gosto de preto e de castanho, de jogar canasta, gosto de ler e do cheiro dos livros e de escrever. Gosto de plantas e de jardinar, gosto de cães, gosto de meditar, de conversar, gosto do meu espaço e de casas vividas.
E da mesma forma, não gosto de amarelo nem de roxo, não gosto de pratos gordurosos, não gosto de álcool, não gosto de ir ao cabeleireiro, não gosto de mini saias, não gosto de mentiras, de promiscuidade, de oportunismo e exibicionismo, não gosto de salas de espera, de barulho desnecessário e de prédios muito altos.
Os meus olhos dizem que já acreditei mais no ser humano, mas a esperança não deixa morrer o que um dia pode ser recuperado.
Dizem também que possivelmente a amizade deveria ser ‘institucionalizada’ porque a que é verdadeira (aquela que honra o nome) prevalece muito acima do casamento e de outros contratos que já tiveram mais credibilidade.
Gosto do que as pessoas possam ter de original para dizer, ou se não for completamente novo, que tenha pelo menos uma nova abordagem, válida e sensata.
Os meus olhos dizem que as melhores coisas da vida acontecem sem serem programadas e as piores há muito que o estão, e nós simplesmente não as notamos.
Que mais dizem os meus olhos? Dizem que os problemas não são “os problemas”, e sim que o problema são as pessoas. Dizem que no final, e depois de se perder tanto tempo, todos chegam à conclusão que o amor deveria estar na frente de tudo. Dizem que a desilusão é o sentimento mais difícil de gerir e o arrependimento o mais vazio.
Mas calma, os meus olhos também dizem que tudo vale a pena. É uma questão de contextualizar a coisa e valorizar, ou não, o que realmente vale a pena.
Mas isto são só os meus olhos a 'falar'…

Comentários

Mensagens populares